Stone Summit aponta a necessidade de colaboração entre arquitetos e empresas do setor para alcançar melhores resultados

Assista ao episódio na íntegra pelo Youtube: clique aqui.

Qualidade, beleza, exclusividade e atemporalidade. Apenas algumas das vantagens e benefícios levantados pelos convidados do Episódio 5 do Stone Summit, que abordou o uso de rochas naturais na arquitetura, suas vantagens e a sustentabilidade desses materiais

Realizado no dia 10 de dezembro, finalizando a primeira temporada do projeto, o evento contou com a participação de grandes nomes da arquitetura brasileira e do setor de rochas, trazendo questões de extrema relevância para a relação entre arquitetos e indústrias da pedra natural no Brasil.

A versatilidade das rochas foi um dos destaques da transmissão. Vivian Coser, arquiteta e CEO do Vivian Coser Arquitetos Associados, tem as pedras naturais como material chave em seus projetos, e compartilhou sua experiência durante o Stone Summit. “Me apaixonei pelo setor e por todas as possibilidades que enxergo de uso e aproveitamento dos produtos. Eu sempre prezo por produtos de qualidade e, quando falamos em pedra natural, tem para todos os gostos e todos os budgets”, comenta.

O trabalho de Vivian com as rochas é referência na utilização desses materiais no país. Além do uso nos projetos arquitetônicos, ela também cria peças de design, com recortes e desenhos dos mais variados formatos, provando mais uma vez o quão ‘flexíveis’ podem se tornar as pedras naturais, através do uso de tecnologias e materiais modernos para corte e polimento.

Uma das empresas referência nesse tipo de trabalho é a Brasigran, que fornece soluções desde a extração até a especificação final dos materiais. Na opinião da Diretora de Marketing da empresa, Renata Malenza, não há limites para o que pode ser feito com as rochas naturais: “Através da tecnologia, fazemos recortes e peças diferenciadas. Arte, design, arquitetura – tudo é possível com a pedra natural”, destaca.

Já Suzana Glogowski, diretora de um dos maiores escritórios de arquitetura do país – o mundialmente premiado ‘Studio mk27’ – falou sobre a necessidade de aproximação entre arquitetos e indústrias do setor, apontando um histórico em que o uso de materiais importados acabou sendo estabelecido como sinônimo de ‘luxo’ e qualidade para o mercado brasileiro de arquitetura.

“Fomos ensinados a gostar de pedras de fora. Acho que isso já está mudando pouco a pouco, mas, ainda falta uma busca maior, uma pesquisa e curiosidade por parte dos arquitetos para trabalhar com pedra natural brasileira”, aponta.

Para além da responsabilidade dos profissionais que especificam, a arquiteta acredita que mudar essa situação depende também das indústrias e profissionais do setor de rochas, que devem buscar se aproximar dos escritórios, levando amostras, contando a história dos materiais e sugerindo projetos.

Diferenciais da pedra natural e sustentabilidade

“A gente tem que descobrir o que toca o coração das pessoas e o que conecta nossas marcas com elas. Uma vez que o cliente se conecta, surgem novos usos, pois ele não vai querer só uma bancada – vai querer expor o material. Temos clientes que compram a pedra para emoldurar, colocar num ambiente e contar aquela história”, conta a arquiteta da Pettrus Mineração, Ana Paula Barfety.

Especialista em mercado do luxo e história da arte, atualmente a profissional exerce um trabalho de pesquisa e abertura de novos mercados para a Pettrus, empresa que trabalha com um portfólio de quartzitos exóticos e semi-preciosos. Durante a live, ela trouxe a perspectiva de quem trabalha com produtos de alto valor agregado, apontando o desafio diário de conectar o cliente com as pedras através dos seus atributos e diferenciais.

“Contamos que é sustentável, que tem reúso da água, energia fotovoltaica. Ou pode ser que o apelo estético e o quesito da raridade encantem mais. Ele também pode se apaixonar pela tecnologia e inovação. As rochas naturais são materiais que tem especificidade na extração, é um beneficiamento super delicado e tudo isso conecta o cliente”, relata.

Outro destaque no conteúdo do evento foi a sustentabilidade no uso das rochas ornamentais. Na extração da rocha, consegue-se otimizar o material de diversas formas, através de inúmeros produtos e subprodutos. Nas palavras da arquiteta Vivian Coser: “Com pequenos pedacinhos de pedra é possível produzir peças lindas, em diversas escalas, o aproveitamento não tem limites”.

Vivian comentou sobre a atitude de algumas construtoras e empresas que aplicam os materiais nos seus projetos já pensando na substituição que o cliente irá fazer após a entrega, e defendeu como uma especificação correta e planejada dos materiais pode evitar esse desperdício e elevar a sustentabilidade do projeto. 

“É muito difícil um imóvel com rochas perder sua beleza e qualidade. Especificado corretamente, não haverá necessidade de troca e isso é muito sustentável. Acredito muito que, se conseguíssemos introduzir as especificações corretas, de acordo com o budget e perfil do cliente, conseguiríamos fazer obras lindas e duráveis, sem o pensamento de quebrar e trocar posteriormente. Nada na arquitetura é valioso como a rocha”, afirma.

Sobre sustentabilidade, Ana Paula Barféty também destacou o bem-estar que a utilização de materiais naturais traz para um projeto arquitetônico: “Nos sentimos muito bem na natureza e coisas da natureza dentro dos ambientes trazem um bem-estar muito grande”. Além disso, a arquiteta buscou ressaltar a importância de se utilizar materiais certificados, com autorização dos órgãos competentes. “Assim melhoramos o bem-estar sem prejudicar o meio ambiente”, completa.

Superando as limitações de budget e prazo em projetos corporativos

Durante o episódio, algumas limitações para o uso das rochas naturais em projetos de larga escala foram levantadas pelos arquitetos participantes. A head de criação da IT’S Informov, Thaís Rosa, comentou sobre dois aspectos que guiam a maior parte dos projetos corporativos: tempo de entrega e budget. 

A arquiteta explicou um pouco sobre o processo de concepção dos escritórios de grandes empresas – a IT’S atende clientes como Ifood, Arezzo, Insper e OLX – projetos em que a escolha de materiais deve ser feita com muita segurança e eficiência. Segundo Thaís, algumas especificidades da pedra natural podem criar impedimentos no processo.

“Uma característica específica do corporativo é que as obras são super rápidas, então, o processo de escolher um material também é muito eficiente. Investigamos os melhores materiais e acabamentos e muitas vezes não temos o tempo necessário para escolher as pedras. Não temos um processo tão flexibilizado para ter a avaliação, ir com o cliente mostrar, visitar uma empresa ou ver o lote pessoalmente”, explica.

Sobre esses aspectos, ela aproveitou o espaço da live para questionar: “Será que não tem jeito para contornar essa situação de orçamento e prazo?”. Buscando elucidar sobre a disponibilidade das empresas brasileiras em atender projetos que demandem velocidade na execução e precisão, a Diretora de Marketing da Brasigran, Renata Malenza, fez uma colocação muito pertinente.

“Às vezes os arquitetos ficam receosos em relação às empresas que vão fornecer os materiais. É importante dizer que, no setor de rochas brasileiro existem empresas que podem oferecer grandes quantitativos de pedras sim. Muitas empresas do setor, quando têm pedreira, conseguem dentro de um lote tirar a pedra para um projeto específico, o que dá muita segurança para o arquiteto especificar num projeto grande”, pontua.

Educação para especificar e conservar

Um dos maiores desafios para influenciar o consumo e crescer o uso de pedras naturais na arquitetura é a capacitação dos profissionais especificadores para aplicar os materiais corretamente nos projetos. As rochas, assim como todo material proveniente da natureza, possuem características únicas para seu manuseio e conservação que, se não respeitadas, podem gerar resultados não satisfatórios.

Acostumado a lidar com esse tipo de questão no dia a dia da Nobile Marmo, o CEO da empresa, Ricardo Estuqui, defende através do seu trabalho diário e pela plataforma de ensino ‘Rochas na Arquitetura’ a educação de marmoristas e arquitetos para o uso desses materiais tão especiais.

Ele explica que cada rocha responde de maneira diferente e precisa de cuidados diferentes – e essas informações precisam chegar a todos. “Precisamos transformar a linguagem do setor de rochas numa linguagem simples, objetiva e didática; e precisamos respeitar cada rocha de acordo com a sua formação”, alerta.

A arquiteta Vivian Coser concorda que o segredo para o uso das rochas realmente é pesquisar corretamente o uso e aplicabilidade de cada material. “O grande segredo de usar rochas é pesquisar corretamente o uso e fazer a aplicabilidade correta. É muito interessante que nós arquitetos estudemos essa especificação, e acredito que o setor irá disponibilizar cada vez mais orientação sobre esse uso para nós arquitetos”, complementa.

Sobre o papel do arquiteto nessa questão, Ana Paula Barféty lembrou que, muitas vezes, os materiais artificiais imitam justamente as características da rocha que chegam a ser consideradas ‘defeitos’ dentro das empresas, e que o papel do arquiteto pode ser muito interessante para quebrar esses paradigmas: “Quando os sintéticos se inspiram nas rochas eles imitam o que nós achamos defeito, como um veio de outra cor no meio de um material branco. Nessas situações, o olhar do arquiteto é muito interessante, porque às vezes o olhar de dentro da indústria é muito viciado”.

Ao final do episódio, a mensagem que ficou foi a da importância da conexão através da promoção dos produtos e informação sobre seus usos e formas de especificar. Como concluiu a arquiteta Thaís Rosa, “é preciso que o mercado de rochas espalhe esse conhecimento de uma forma mais eficiente, não só da existência da rocha – também das suas peculiaridades e vantagens”. Não é um caminho fácil, mas, eventos como o Stone Summit mostram que o setor já começou a caminhar nesse sentido e podemos esperar um futuro de muitas possibilidades!